Por que a Governança Corporativa em Empresas Familiares ainda é um desafio a ser superado?
Bastante difundida entre as empresas de capital aberto, a governança corporativa é um sistema ainda pouco explorado por um grande número de empresas brasileiras, sobretudo para aquelas de natureza familiar.
Embora temas como “estratégia”, “planejamento”, “gestão” e “governança corporativa” sejam de grande relevância, tanto para as Empresas Familiares, quanto para as não familiares, a implementação das boas práticas de governança naquelas tem se mostrado como um grande desafio, haja vista a complexidade de equilibrar os interesses e as necessidades da família com os interesses da empresa.
Nesse sentido, um dos principais desafios da governança corporativa em Empresas Familiares é a gestão da transição geracional. Muitas vezes, a passagem de uma geração para outra pode gerar conflitos familiares, disputas por poder e resistência a mudanças. Não raras vezes, é possível identificarmos o persistente hábito de patriarcas e/ou matriarcas de concentrarem a gestão do negócio exclusivamente em suas mãos. Nesses casos, é fundamental estabelecer um processo claro e transparente para a sucessão, com critérios objetivos para a escolha do sucessor e com um planejamento cuidadoso para a transição.
Outro desafio é a definição de papéis e responsabilidades. Em Empresas Familiares, é comum que membros da família ocupem cargos de gestão e liderança, o que pode gerar conflitos de interesse e dificultar a tomada de decisões. É importante estabelecer claramente as funções e responsabilidades de cada membro da família e garantir que os interesses da empresa estejam sempre acima dos interesses individuais.
A profissionalização da gestão é outro desafio importante. Em muitas Empresas Familiares, a gestão é baseada em relações pessoais, o que pode prejudicar a eficiência e a eficácia do negócio, à medida em que dificulta a já complexa tarefa de motivar e manter talentos externos – que são, afinal de contas, fundamentais para a diversificação, a evolução e a inovação de qualquer empresa. Dessa forma, é essencial a criação de políticas claras e transparentes de gestão de recursos humanos, finanças e operações, pautadas na meritocracia, além de contratar profissionais qualificados para cargos estratégicos. Além disso, a demonstração de um ambiente de confiança produz previsibilidade e respeito, características essenciais para a retenção e atração de novos talentos externos.
Em resumo, a governança corporativa em Empresas Familiares apresenta desafios únicos, que exigem abordagens específicas para garantir a transparência, a eficácia e a sustentabilidade da empresa. A gestão da transição geracional, a definição de papéis e responsabilidades, a profissionalização da gestão e a transparência são elementos-chave para o sucesso da governança corporativa em Empresas Familiares.
A governança familiar atua, portanto, no âmbito da família empresária. Ela aborda a relação desta com seus membros, com a propriedade, com a empresa, e com partes interessadas. Valendo-se de um conjunto integrado de princípios orientadores, fóruns, normas, e serviços destinados a alinhar os membros da família, a governança familiar fomenta mais sintonia e mais atuações pautadas numa visão de longo prazo e na perpetuação do legado de valores e do patrimônio econômico-social.
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*Texto por: Maxwell Lima Dias
*Editado por: Luiza Guimarães
*Revisão: Alessandra Dabul
